Estas histórias foram escritas sem o desafio, mas olhem que ficaram bem giras!
Tenho-te aqui no meu ombro. Podia ter-te na
concha da mão ou na ponta do nariz, mas não. Tenho-te aqui no meu ombro.
- Porquê,
perguntaste-me tu.
- Porque é bom,
respondi-te. Gosto de te ter aqui. Estás mais perto de mim assim. Fazes-me
cócegas quando me falas e gosto mesmo muito de te ouvir conversar. E posso
dar-te beijinhos! Posso dar-te todos os beijinhos!
Gostaste tanto que
te riste muito!
- Cuidado, pedi-te! Assim ainda
cais!
Manuela Ferrer
Da vida, a memória trazia-lhe breves
rumores ao pensamento. Tinha decidido tirar dela o máximo prazer, tivesse que
partir de novo onde tudo venha justamente do nada. Acontecia, agora
reconhecer-se como um reinício, sempre obrigando-se a não olhar-se no espelho,
não pelas rugas nele espelhadas ao milímetro, consciente que pouco importava o
monótono aspeto físico. Guardaria ânimo para recomeçar sem melindres ou
lamentos. Sem pressa iria sozinha alcançar a meta pré destinada a rasgar-se do
próprio eu.
Elvira Cristina Silva - Queluz
Era
uma casa em forma de coração, branca, pequena, rodeada de eucaliptos e flores,
essa casa tinha um lugar mágico cheio de raios de luz que entravam sem pedir
licença por uma janela redonda como as janelinhas dos navios.
Durante
o dia a casa era invadida por crianças curiosas com sorrisos
charmosos, que corriam com os cabelos soltos ao vento. As estações
do ano passaram pela casa que continua em forma de coração, as crianças, essas
cresceram...
Paula Marques,
Odivelas
Ela entrou
na carruagem de metro e, distraidamente, olhou à sua volta. Viu sorrisos
sardónicos e risos mal contidos e escondidos. Procurou a fonte da ironia e do
riso. Encontrou dois homens jovens em traje académico com saia e capa. Um
deles, como ela, procurou a próxima plataforma e sentou-se tranquilo à espera.
Ela sentou-se junto dele. Ela disse-lhe que ele era corajoso num país de
preconceitos. Ele sorriu e respondeu que não era coragem. Era orgulho!
Ivete Glórias
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