Lá estava ela,
magrinha quase raquítica, debaixo da garoa fina. Seu sorriso gigantesco que me
tocou lá no fundo. “Compra doce tia?! Só um real” Os olhos grandes afundados
naquele rostinho me diziam histórias que os homens do poder nunca ouviram. Não
por desinteresse, mas por incapacidade de ler ou ouvir a história alheia.
Somente sabem ler as cifras de suas contas bancárias. O sinal abriu e acelerei
meu fusquinha, envergonhada de viver numa sociedade tão insensível.
Marisa de Goes,
Brasil