A MONTANHA
O desafio de escalar a montanha fazia-me tremer da cabeça
aos pés. Tinha prometido realizá-lo e tinha jurado conseguir. Faltava a
coragem. Erguendo a cabeça ao céu, avistei o topo. Poucos metros para a ilusão
ótica de o cume desaparecer por entre as nuvens. O Sol brilhava e o vento
sussurrava-me ao ouvido «Força». A ousadia atropelava o medo ou vice-versa,
porque os pés continuavam no lugar. Um dia, a audácia há de conseguir combater
o pânico.
O BALÃO
Naquele dia de outono a chuva miudinha teimava em cessar. Seguiu-se
uma novidade para alegrar o céu cinzento, porém, deixou-me sem palavras. Ele
comprara um balão. No início pensei tratar-se de um a brincar. Qual o meu
espanto ao ver um balão de ar quente. Queria dar a volta ao mundo. Tentei
dissuadi-lo, cheia de medo, contudo parecia decidido a enfiar-se no meio das
nuvens e viajar ao lado dos pássaros mal o Sol voltasse a brilhar.
Maria Jorge