29/01/13

Acasos


Ela abriu o cofre dos acasos.
Estava trancado há anos, sem préstimo.
Desenterrou-o da memória e, ansiosa, procurou-o.
Lá estava, intacto, no soalho envernizado.
Olhou em redor, temendo ser apanhada.
Mas não havia ninguém em casa.
De lágrimas nos olhos, ajoelhou-se prontamente.
Deu uma pancada seca no chão.
Tal como dantes, a tábua moveu-se.
Empurrou-a ligeiramente para o lado, devagar.
E que belos, reluzentes acasos encontrou!
As jóias do coração onde, adolescente, tropeçara.
Tirou uma.
E sorriu.
 
Rita Bertrand, 40 anos, Lisboa

2 comentários:

  1. que bacana essa. gostei dos desafios...

    espero participar um dia.

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