Tantas vozes fora de nós! Parecem-se
connosco e talvez sejamos nós. Enchem o sentido das letras gordas com volumes
histéricos. Estão prontas para carregarem raivas que vagueiam na minha pele. A
pele que é minha carrega os ruídos que me confundem, que se alimentam do espaço
que deixo livre. Depois existes tu, silêncio. Tu que te esforças por descansar
cá dentro, enroscado num canto, à espera que me lembre de ti. Faltas tu
a levar o tempo.
Clara, 36, Lisboa
Manuel António Pina, Nenhuma Palavra e Nenhuma
Lembrança (1999) - Tantas vozes fora de nós!
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José Luís Peixoto, Morreste-me (2000) - Faltas
tu a levar o tempo.
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