– Saiu-me uma loira –
queixou-se. E o tom pejorativo incomodou-me.
Não era maneira de se referir a uma rapariga daquela estirpe,
que tinha deixado casa, emprego e muito mais, por ele; que soube valorizar
o amor e não hesitou em segui-lo, da cidade à província.
Confrontou-o:
– A tua mulher é
fantástica!
– Só se for para ti, eu
sempre preferi morenas...
– Agora é tarde. Devias ter
pensado nessa preferência antes!
Voltou-se e partiu, irritado – como se
o tivesse ofendido.
Rita Bertrand, 41 anos, Lisboa
“Como partiu nessa tarde para a província,
não soube mais daquela rapariga loira.” é a frase final do conto
“Singularidades de uma rapariga loira”, de Eça de Queirós, e surge na pág. 51
de “Contos”, edição de bolso de 1989, das Publicações D. Quixote.
Sem comentários:
Enviar um comentário