Pobre passarito abandonado na árvore
nua.
Pousado sobre
o ramo mais alto, espera o epílogo
das suas aventuras. Sabe que a primavera
está, ainda, no leito do
inverno, abnegada e lânguida. Dona
do tempo, nada
a arrelia. Nem mesmo chegar atrasada. Virá
quando quiser ou o inverno a desabraçar. E o passarito, perdido e sem voz, espreita-a.
Árvore
solitária, envergonhada da nudez;
pássaro silencioso. Duas solidões, caladas e pacientes, esperam que se abra a porta do tempo.
Ana Paula Oliveira, 52 anos, São
João da Madeira
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