No ar o toque ensurdecedor dos
telefones. As vozes monotonamente profissionais. “Está quase”. Os olhos encontram
o relógio. “Quase”. Atende o telefone.
É hora. Voa pelos cubículos
impessoais, desliza escadas abaixo, ziguezagueia
pela multidão, olhar fixo no autocarro fechando as portas. Empurra. Óculos
embaciados, respiração ofegante. “Quase”.
Sai correndo. Não cumprimenta.
Entra, despe o casaco, limpa os óculos. Aterra no sofá. Suspira. Pega no livro.
“Onde íamos, amor?”. O homem de papel e sonhos materializa-se naquele instante.
Isabel Galucho, 41 anos, Lisboa
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