Só podia ser premonição. Dormia mal mas,
naquela noite, não sossegava. O ar tinha um cheiro diferente que adivinhava mudança.
E teve pesadelos.
Uma
porta fecha-se ferozmente atrás dele e uma prisão escura, sem ar, rouba-lhe o
alento. Agarrado às grades, abana-as, tenta arrancá-las para poder fugir. Grita
mas ninguém lhe responde…
Apenas a rádio lhe respondeu com uma canção
proibida. Grândola, vila morena.
Abriu a janela e a noite cheirava a cravos vermelhos. Abril trazia esperança.
Ana
Paula Oliveira, 52 anos, S. João da Madeira
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