Na penumbra do quarto, esvaziado de vida, o pó ia cobrindo todo o
resto. Numa prateleira do toucador, um pequeno espelho reflectia a sua
tristeza.
– Sinto falta do seu rosto.
A escova, a seu lado lamentou-se.
– Conheci-lhe cabelos de prata até ficarem como neve.
– As maças do seu rosto foram ficando como a terra lavrada. O seu olhar
sempre foi doce, mesmo quando perdeu a alegria de me olhar.
Assim recordavam, até o pó assentar as memórias.
Paulo Roma, 50 anos, Lisboa
Desafio nº 62
– dois objectos, numa prateleira cheia de pó, conversam
Que lindo
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