Despertou com a tosse seca do marido e com o urro do
elefante que, na televisão toda a noite ligada, anunciava um produto milagroso
para a memória. Reviu-se naquela enormidade. Levantou-se às escuras, esbarrou
na mesa, o lírio solitário da jarra e a sua fotografia enquanto jovem esbelta
estatelaram-se. Lembrou-se que iria começar a caminhada para recuperar a
elegância. A cirurgia bariátrica marcada para aquele dia seria o agrafador que
lhe coseria a boca e a avidez.
Ana Paula Oliveira, 54 anos, S. João da Madeira
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