O que vos peço hoje?
Deixo-vos
uma cena:
dedos batem muito ao de
leve num vidro, com pouca convicção ou receio.
Repetem este gesto, mas a janela
só se abrirá quando quem bateu já tiver
desaparecido dali. O texto pode ser
metafórico.
Que história surge nas vossas cabeças?
A
minha ficou assim:
Bateste,
ao de leve, na barreira construída para não te desiludir, protecção que me
assegura incapaz de magoar outros para além do eu magoado que me habita por
hábito. Bateste tão de leve e por um tempo tão escasso… Agora entendo o quanto
de mim já tens em ti. Apresso-me a destruir os limites que te deixam do meu
lado de fora, para descobrir que de mim desististe, só me restando reconstruir
o hábito de me destruir.
Margarida Fonseca
Santos, 54 anos, LisboaEXEMPLOS