02/05/15

Que coisa!

Que coisa. Aquela tosse seca que nunca mais acabava. Tinha dias. E nada. Tudo na mesma. Só o lírio à cabeceira, colhido no frescor da manhã murchara. Doía-lhe a cabeça perfurada pelo som daquele espasmo e pelo seu significado. Parecia que um elefante a pisava sem misericórdia; julgava a sua alma perseguida pelos dentes do mais cruel agrafador. Sentia-se assim, frágil, indefesa. Como uma formiga, no centro de um salão, procurando escapar aos pés de uma multidão.

Paula Coelho Pais, 53 anos, Lisboa 

Desafio nº 89 – hist c tosse+lírio+elefante+agrafador

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