A velha peúga
passeava pela carris, discretamente, ainda que toda engelhada.
O ralo pêlo
denunciava o uso abusivo a que estivera sujeita.
Precisava espairecer, tinha de haver alguma justiça na sua desgraçada vida.
Andara sempre aos saltos, nos escorregas, molhada,
malcheirosa, sentia-se uma ruína.
O velho relojoeiro
de olhar ausente quase se
sentara em cima.
A envelhecida mão, roxa de frio, puxou-a de modo doce, içando-a.
Depois, envolvida pelos outros dedos azuis, adormeceu no metro, sonhando quente.
Amélia Meireles, 62 anos, Ponta Delgada
Desafio RS nº 26 – 7 palavras
impostas em 7 frases de 11 letras
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