03/06/15

Longe de mim

Sempre estivera lá, a lágrima que inibi. À força de a reter tornou-se nuvem que amedronta e sem mais poder suster esse céu onde se aninhava, soltou-se insubmissa. Agora como gota de chuva, corre, desliza, ganha velocidade, serpenteando o meu rosto sem que a possa reter. Por mais que tente, foge de mim, desliza, velozmente, cai do rosto, desaparece de mim, dando lugar a uma outra que me sussurra ininterruptamente que estás a ficar longe de mim.

Elvira Cristina Silva, 51 anos, Queluz

Desafio nº 91 – cena metafórica de gota de chuva que acaba numa poça

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