Olho o espelho e sinto um frio a queimar-me. Não vejo ali a menina
que fui. Espanto! Estará o espelho zangado comigo? Olho as rugas, os
cabelos brancos, e não reconheço a imagem que ele me devolve. Fujo,
desorientada, mas não resisto. Regresso. Vou enfrentá-lo teimosamente. Pode ser
que a repetição o humanize e me devolva aquilo que me
quer roubar: o esverdeado dos olhos, o louro do cabelo, a pele macia, a paz. Ai
que revolta!
Ana Paula Oliveira, 54 anos, S. João da Madeira
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