09/07/15

Claridade

Avançava até à praia. Enterrava as pernas na areia e sentia a vida a enlaçá-la. Mal nascera, a mãe levara-a a essa terra feita de mar, abraçada à claridade. Ali sentia-se inteira, bem-vinda na lengalenga feliz das meninas em infindáveis brincadeiras. Vestidas de chita, rendas e bainhas abertas. Tranças a desfazerem-se de tantas alegrias. Levantaria a desejada casa da infância e teria as janelas sempre destrancadas, rasgadas à vida e à escrita, adiadas em décadas de espera.

Paula Coelho Pais, 54 anos, Lisboa

Desafio nº 93 – escrever sem O nem U

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