Avançava
até à praia. Enterrava as pernas na areia e sentia a vida a enlaçá-la. Mal
nascera, a mãe levara-a a essa terra feita de mar, abraçada à claridade. Ali
sentia-se inteira, bem-vinda na lengalenga feliz das meninas em infindáveis
brincadeiras. Vestidas de chita, rendas e bainhas abertas. Tranças a
desfazerem-se de tantas alegrias. Levantaria a desejada casa da infância e
teria as janelas sempre destrancadas, rasgadas à vida e à escrita, adiadas em
décadas de espera.
Paula
Coelho Pais, 54 anos, Lisboa
Sem comentários:
Enviar um comentário