Para mim deixou de haver amanhã. Os móveis
foram doados, a poltrona ficou sem serventia, destroçada. Nela, Emília foi
pedida em casamento, descansou, mal regressou das núpcias, sentiu as dores de
parto, amamentou a filha, observou-lhe as brincadeiras, chorou, riu, morreu.
Eu e ela. Abandonadas, nós que testemunhámos tanta vida. Encostado a mim, como um espectro, José nem se apercebe que tudo tem um fim. O Alzheimer permitiu-lhe esquecer as perdas. Vai partir para o lar. Inevitável.
Eu e ela. Abandonadas, nós que testemunhámos tanta vida. Encostado a mim, como um espectro, José nem se apercebe que tudo tem um fim. O Alzheimer permitiu-lhe esquecer as perdas. Vai partir para o lar. Inevitável.
Ana Paula Oliveira, 55 anos, S. João da Madeira
Desafio nº 98
– fotog de P Teixeira Neves
Para
ler o texto original, siga por aqui: http://livro-leitor. blogspot.pt/2015/09/fim.html
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