Partiste,
deixando no teu quarto um vazio que até a luz se recusa a perturbar. Desde
então, não vive ninguém no quarto, por baixo do teu, onde ainda moro. Apesar de
gastas, insisto nas cortinas. Deposito, no seu patético balanço, a esperança
com que me forço a respirar. Talvez voltes e possamos retomar os livros, entre
o teu quarto e o meu, exatamente onde os deixámos. Chegas, resgatamos o sofá à
floresta e, em triunfo, envelhecemos juntos.
Nuno Longle, 41 anos,
Odivelas
Desafio nº 98
– fotog de P Teixeira Neves
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