Na penumbra do quarto, ele olhava o teto e sonhava acordado com
o passado… Sonhava com aquela infância longínqua, em que as portas da
felicidade não tinham trincos. Era tão, genuína e ingenuamente, afortunado!
Vivia, em absoluto deslumbramento pela senhora sua mãe – os seus
seios aveludados eram almofadas de ninho, as suas mãos eram luvas de ternura e
os seus lábios eram beijos de bem-querer. Agora, este amor é um fóssil
incrustado no coração do adulto órfão.
Mireille Amaral, 40 anos, Gondoamr
Desafio RS nº 34 – frase de Mia Couto
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