Gostaria de saber o que guardava Heitor
no cacifo. Ensimesmado, triste, só, fomos deixando de o ver. De perguntar por
ele também, sem perceber. Lá no fundo, no gabinete mais escuro e com mais cheiro
a humidade do escritório, foi-se desvanecendo. Depois nunca mais o
vimos. Vieram entregar-nos a chave do seu cacifo para que o
limpássemos e ficámos a olhá-la, em êxtase, como se ela fosse a
lembrança dum abraço que ficara esquecido dentro de nós.
Paula Coelho Pais, 54 anos, Lisboa
Desafio RS nº 8 – juntar cacifo, cheiro a humidade e
êxtase
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