Inesperadamente, o lápis rolou deslizando pelo seu regaço.
Atento, sem que ela visse, apanhou-o e, discretamente, escondeu-o dentro do
sobretudo. Há algum tempo que a observava. A leitura do livro era acompanhada
de pequenas notas. Viu-a pousar o livro enquanto procurava o lápis.
Precipitadamente, ela entrou no autocarro que acabara de chegar. Não podia
perdê-lo. Não tinha outro transporte. Anos mais tarde, o destino juntou-os. No
primeiro aniversário, ela encontrou o lápis adormecido no seu livro preferido.
Amélia
Meireles, 63 anos, Ponta Delgada