Noite
Já esqueci se a noite
ainda tem esquinas.
Se os meus olhos
se derramam pela calçada
é porque as travessas
ainda se intersectam
na nudez da lua esquecida.
Há muito que sonho
com desencontros,
invulgares sorrisos
trocados entre quem
repousa
sobressaltado
quando os outros,
sonâmbulos,
se vestem
e rumam para o trabalho.
Esconjuramos o tempo:
compramos mais dias, meses,
para que os outros,
tenham margem
para trocar a áspera claridade
pelo doce, carinhoso manto
da negritude.
Jaime A., 52 anos, Lisboa
Mais textos em www.soprodivino.blogspot.com
Sem comentários:
Enviar um comentário