A tempestade ergueu-se,
malquista, parindo o susto. Avançou tenebrosa em morosa, plúmbea, ostentação
sonora. As telhas escorregaram molhadas, por ordem, silenciosamente. Aranhas,
teias, escadas, mangueiras, perigosamente, oscilaram suspensas. A tenra erva
murchou perplexa, oliveiras sufocaram.
A tutinegra encharcada
manifestou, piando, obcecado sacudir. Aterrorizada, tentou ensaiar motivos para
o salto. Abalançou-se tremendo, esticou-se, movimentou penas, olhou, soltou-se.
Acordou tonta, estendida,
machucada por outros solos. Alegrou-se, tinha escapado! Maravilhou-se por ousar
superar-se. A tormenta esvaiu-se, marchando para outros sossegos.
Isabel Sousa, 64 anos, Lisboa.
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