OIÇA aqui
Remediar sempre lhe parecera fácil. Remediava desastres, enquanto se esforçavam por
provocá-los. Remendava frases duras, sempre que outros as lançavam. Emendava
situações, sem que os outros com elas sofressem. Gastava assim os dias.
Gastava-se nesse esforço. Desgostava-se ao ver-se impedida de o conseguir sem
falhas. Não parecia entender como tudo isso a esgotava. Morreu sozinha. Isso,
sim, espantou-a. Largou o corpo, fez-se anjo. Talvez assim pudesse continuar.
Um sorriso estampado na alma. Remediar sempre lhe parecer fácil.
Margarida Fonseca Santos, 55 anos, Lisboa
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