Nos passeios matinais, Justina encontra os estropiados que pedem auxílio.
Anseiam o seu toque, fica insegura, remete-os para a intervenção divina.
Os convencidos expressam sentimentos turvos, deixando-a pensativa. Os
fanfarrões nem se apercebem de Justina, mesmo em frente deles.
Os passeios prolongam-se, a diversidade dos estados de alma também. Os
ressuscitados deixam-na prostrada, foram crucificados, mas inventam e declamam
poemas ― fica estupefacta.
No final da caminhada, o perfume das flores acalma-a, acompanhando-a até ao
final do dia.
Fernanda Costa, 55 anos, Alcobaça
Desafio nº 109 – solidão no meio de gente
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