A alma
viajante
A minha vida é um barco abandonado
que, entre as matreiras ondas,
luta, bravio, soçobrando à deriva.
A minha vida é um barco abandonado
que, entre as matreiras ondas,
luta, bravio, soçobrando à deriva.
Tentando sulcar, airoso, perigosos escolhos,
prossegue, entre algas e limos,
as peregrinas sendas do seu sino.
Embala-o o enfurecido vento na noite escura
e, vagando como náufrago entre cinzentas névoas,
arribará, um dia, ao seu ermo destino.
E ao fim daquela longa viagem,
cansada já de tanto navegar, perguntar-te-ei:
aonde é que foste parar
alma minha gentil, que te partiste?
Mónica Marcos Celestino, 43 anos, Escuela Oficial de Idiomas, Salamanca (Espanha)
(“A minha vida é um barco abandonado” de Fernando Pessoa e “Alma minha gentil, que te partiste” de Luís Vaz de Camões)
Desafio nº 35 – partindo de dois versos de autor
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