Serões de ontem e de hoje
Durante anos guardou segredos. Pasmada, releu
o que a gaveta escondera no quarto materno. Azedume que
a deixara amarga, idiotice sabia-o bem. Nem o sol punha
termo àquela tremenda asfixia, que lhe apertava a garganta,
lhe ocultava qualquer pequena réstia de esperança. Era
como ficar com os velhos mistérios arquivados,
destruindo histórias mágicas do rio, com que antigamente eram finalizados os
serões. Hoje, as reuniões eram à volta da televisão e as conversas haviam-se
transformado em monólogos.
Quita Miguel, 58 anos, Cascais
Desafio nº 128 – 12 palavras com 4 no meio
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