09/12/17

Ana Beatriz ― desafio 130

Vítor debulhava espigas, sustento da família. Tantas!
― Parece castigo! O pai não compra a debulhadora, ninguém merece!
Inesperadamente, uma espiga destacou-se, os grãos brilhavam. Parecia falar. Tinha uma beleza incomparável. Ficou paralisado! Virou-se, olhou o Sol e, num ápice, uma rapariga sorriu e disse-lhe:
― Vi como eras terno, doce, gestos suaves ― apaixonei-me!
Convidou-o a segui-la, pois tinha como esperança descobrir a divindade do mundo. Quando o viu, teve a certeza que conseguiria alcançar a sua nobre aspiração. 
Ana Beatriz, 39 anos, Lisboa
Desafio nº 130 ― de espiga a esperança


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