A resina gotejava lentamente das pinhas que se abriam como
flores incandescentes. Ao lume, a velha panela de barro gorgolhava com a couve
agarrada aos feijões que ameaçavam saltar para as labaredas. O pão torrado
clamava por banha. No fogão, uma cafeteira de alumínio sardenta soltava um fio
de vapor que anunciava café acabado de moer. O cheiro a naftalina, sabonete
azul e espuma de barbear compunham o ramalhete. Assim era o Natal numa casa que
ruiu.
Fernando
Guerreiro, São Brás de Alportel, 41 anos
Escritiva nº 27
- cheiros
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