CÔNCAVO
mas sofrer não nos faz forçosamente belas na escuridão.
aquele silêncio embrulha-nos alma,
prende-nos como anzol despedaçando peixe,
trincha-nos ventre fetal futilizando espírito
dilacera-nos corpo desatinado em grito silencioso…
olha-me nos olhos… preciso de te beber pelos olhos.
corrente dor assalta-me crânio
não há norte…
teu embuste escondeu-se repentinamente
nada há …
só esta dor acalentada infindavelmente me habita
pouco há…
precipício asfixia angústia
nada há, mesmo nada…
tempo pereceu quando cada gesto que fazias semeava uma
esperança.
Eurídice
Rocha, 51 anos, Coimbra
Desafio nº 35 – partindo de dois versos de autor
“Mas sofrer não nos faz forçosamente belas”, Adília Lopes, Caras
Baratas, junho 2004
“Cada gesto que fazias semeava uma esperança” Vinicius de
Moraes, Jardim Noturno, 2.ªed. 2003
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