30/08/18

Elsa Alves ― escritiva 35

Fazia sempre o caminho para o trabalho por aquela rua. Levantava os olhos para a varanda florida. Vasos de sardinheiras alinhavam-se, numa explosão de vermelhos. Pareciam desejar-lhe bom-dia. Educado, ele retribuía a saudação. Quem moraria naquela casa? Não sabia. Nunca lá vira ninguém. Imaginava uma qualquer Joaninha, de olhos verdes, debruçada sobre as flores. Talvez um dia a visse... Uma manhã as flores tinham desaparecido. Nunca soube porquê. Passou a ir para o trabalho por outra rua. 
Elsa Alves, 70 anos, Vila Franca de Xira
Escritiva nº 35 – varanda florida

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