A palavra não pode traduzir o que sente quem
se abandona ao abandono que lhe pertence por desamparo ou convicção, ou mesmo
apenas por apego, um apego que habita dentro de si e ao qual se habituou,
deixando na névoa a dor, a saudade, as razões, agora sem nexo ou justificação,
e deixando também uma esperança perdida numa esquina esquecida da vida, nesse
lugar onde um dia, sem olhar para trás, desistiu, retirando-se
enfim para o deserto.
Margarida Fonseca Santos
Ana
Luísa Amaral, Inversos (Março 2010) – A
palavra não pode traduzir
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Maria Teresa Maia Gonzalez, Retratos Imperfeitos (Novembro 2001) – Retirando-se enfim para o deserto
Desafio nº 35 – partindo
de dois versos de autor
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