Sentado no chão, boné estendido, roupas com
cheiro a mofo, entrega-se à caridade alheia. O desemprego, o vício
tóxico do álcool, a autocomiseração, tornaram-no um velho desamparado.
Ouvi-lo falar é uma lição. Menino trabalhou no campo, exímio na fisgaafugentava
os pardais do cereal. Com o pai, homem sempre pronto a ir aos fagotes,
produzia azeite muito procurado. Rumou a
norte. Apesar das tripas revoltas, tornou-se embarcadiço.
Da prática da pesca, lembra-se das moscas. Nunca
diz porquê.
Maria Loureiro, 64 anos, Lisboa
Desafio nº 161 –
14 palavras com fisga
Sem comentários:
Enviar um comentário