Há pessoas que são como navios afundados. Apenas
esqueletos. Não têm carne, nem sangue, nem cérebro, nem coração. Os braços
caem-lhes ao longo do corpo (nunca abraçam); têm lábios gelados (nunca beijam);
as bocas estão cerradas (nunca conversam). Não lêem, não ouvem música, não
brincam. Moram no nosso prédio; trabalham no nosso escritório; passam por nós
na rua. Vivem num mundo diferente do nosso. (Vivem?!?). Uma vez agarrei uma com
força. O seu casco desfez-se em pó...
Elsa Alves, 70 anos, Vila Franca de Xira
Desafio nº 164
― imagem de navio afundado
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