“Imprópria para consumo”. Indignada com o
veredicto, interrogo-me sobre tamanha infâmia, evocando imagens vívidas, intensas.
Eu — intrépida, fresca, impoluta, pulando fragas,
invadindo planícies, servindo indiscriminadamente todos, incapaz de
recusar-lhes instantes prazerosos — sou insultada desta
forma insidiosa. Poderia ignorá-los, mas incomoda-me a ingratidão.
Acusada injustamente, é inacreditável! As ilusões, a inocência, perdem-se, inevitavelmente, neste percurso ininterrupto, em
que me infligem danos indescritíveis. Agora,
técnicos laboratoriais, ironicamente, apelidam-me de
mal-cheirosa, insalubre… A mim, inodora nascida,
indispensável à vida, insubstituível!
Helena Rosinha, 66 anos,
Vila Franca de Xira
Desafio nº 185
― palavras com i
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