É meia-noite. Inicia-se um novo ano. Velho, descartável,
invisível, afasto-me. Cumpriu- se mais um ciclo. Há festa, música, alegria.
Fazem-se brindes: “saúde, sorte!” Fazem-se planos, promessas. Todos iludidos e
confiantes. Libertaram-se dum tempo incómodo. Esperança, sonho,
determinação animam-nos. Injustiça, hecatombes, nunca mais! Culpam-me das
desgraças ocorridas. Annus horribilis, comentam. Que ironia!
As eras sucedem-se. Os casos repetem-se. Avareza, ódio, violência persistem.
Eu, culpado? Precavei-vos dos vossos semelhantes. Talvez alcancem Paz… Eu sou
mero calendário. Sucessão de dias, noites.
Helena Rosinha, 67
anos, Vila Franca de Xira
Desafio nº 195
― ano velho em frases pequenas
Sem comentários:
Enviar um comentário