Começar do zero
Aprendera cedo a desligar-se. Assim, quando aquele dia amanheceu, manso, guardou as palavras húmidas, dentro da boca. Latejavam-lhe na pele como mordidas. O espaço parecia-lhe longo. O tempo, incerto. O sangue, tumulto. Era uma estátua imóvel, com o coração em corrida ardente. Via um rio, onde era perigoso navegar, uma vida que, até aí, fora apenas desilusões. Conhecera dores, incertezas, angústias. Mas, todos os dias se pode começar do zero. Atravessou a ponte, sem olhar para trás.
Elsa Alves, 72 anos, Vila Franca de Xira
Desafio nº 87 – ponte, rio, cabra
Sem comentários:
Enviar um comentário