Chamas
Na lenha que arde, na dança das chamas, acendem-se as lembranças.
Serões familiares, os adultos à conversa e nós, sorrateiramente, a sair pela porta da cozinha, a saltar a cancela do quintal. Imersos no cheiro da noite, enfrentávamos sombras gigantes, sons estranhos, tentávamos dissimular o medo. Na busca de aventuras e mistérios insolúveis, descobríamo-nos mutuamente, surpreendíamos, éramos surpreendidos.
Ateada a chama da liberdade, extinguiam-se impossíveis; desafiavam-se costumes, acumulavam-se certezas — o nosso, seria um mundo perfeito.
Algo falhou.
Helena Rosinha, 67 anos, Vila Franca de Xira
Desafio nº 218 – imagem de fósforos
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