23/09/20

Rosário P. Ribeiro – sem desafio

Estranhou o escuro.  Gostava tanto de luz…

Estremeceu, sentindo-se arrefecer sem sol,

E na janela, já só adivinhou o céu…

Estranhou o silêncio. Gostava de adivinhar o voo das gaivotas e

Do arrepio trazido pela estridência dos seus gritos. 

Apercebeu-se então que não via nem ouvia, num frenesim quieto demais.

Sentia a vida mais longe, a despedir-se,

E os passos estrondosos da morte a chegar.

Não me chorem, pensou, sorrindo.  

Recordem-me. Feliz.

Rosário P. Ribeiro, 63 anos, Lisboa

2 comentários:

  1. Boa tarde de paz, querida amiga Rosário!
    Muito lindo recordar o outro que se vai, sorrindo....da nossa parte...
    Saudade gostosa.
    Tenha dias abençoados!
    Bjm carinhoso e fraterno

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    1. Obrigada minha amiga. Há memórias assim. Sofridas mas doces. Bj da R.

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