Envenenado. Sou um presente envenenado; fonte de desilusão, de amargura, de destruição e vingança. Muitos têm sido os contemplados com este meu ser. Quem, quando, não importa — o passado, já o não tenho. Importa-me o presente. Vivo sempre no presente. Envenenado. É o veneno que sustenta, alicerça e justifica a minha existência. Até quando, não sei, o futuro, não o conheço. Contudo, sei que enquanto houver vida, serei presente; e, festivamente, seguirei espalhando a peçonha que carrego.
Helena Rosinha, 68 anos, Vila Franca de Xira
Desafio nº 233 – citação de Fernando Pessoa
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