Olhava as cores que se desfaziam no horizonte, debaixo do sol, com aquela mansidão doce que o peso dos anos lhe conferia à alma. O brilho da água era como prata fresca, como o pescado das suas madrugadas. Fundiu-se naquela líquida quietude oscilante de caleidoscópio, eco crepuscular, desfiado em sonhos de juventude, insensatez, tormenta, festa, alegria, ternura, sustento, mágoa e silêncio. Sentado no gasto cadeirão, na varanda virada ao mar, Hipólito iluminou-se num sorriso suspirado. Deixou-se planar.
Graça Pereira, 62 anos, Setúbal
Desafio nº 234 – 4 palavras a diminuir
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