A mulher inclinava-se sobre a mesa. Procurava as palavras para encher aquelas linhas. Do traçado azul não se formavam letras; um caminho, quando muito, como o arrastar de uma folha por uma brisa lânguida de verão. O tanto por dizer enrolava-se na boca num travo-limão ao qual se juntaria o sal em breve. Multiplicou o nada que o papel dizia em mil pedaços e deixou-o cair feito areia por entre os dedos. Saiu sem fechar a porta.
Isabel Peixeiro, Mafra
281 – palavras obrigatórias sem praia
A linha do comboio parecia-lhe infinita, mas era a única forma de encontrar o destino.
ResponderEliminarPerdida naquela floresta, numa manhã de intensa bruma, os seus passos apenas abrandavam na presença de algum chilreio que a saudasse efusivamente.
No horizonte, uma aberta de Céu azul, animou-a, vinha acompanhada de uma brisa muito doce, aromatizada com limão. Encontrara um cheiro campestre! O oceano tinha ficado para trás – já não sentia aquele vento com sabor a sal e partículas de areia.
A minha avó adorava costurar. Tinha montes de carrinhos de linhas da sua máquina cor de azul céu. O que mais gostava era ficar sentado no sofá a vê-la costurar.
ResponderEliminarO quarto tinha uma pequena janela por onde corria uma suave brisa, com aroma a limão, que vinha das folhagens daquela lúcia-lima plantada mesmo em frente.
Permanecem até hoje estas minhas memórias como que petrificadas em sal, onde a ampulheta de areia deixou de marcar o tempo.
Boa, Subkortex.
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