De
dia, viam-se pouco pois
cada um ia pra um lugar.
Ele ia de metrô, ela de circular.
carregava consigo lindo ar juvenil.
Ele, decorador, passava o dia indo de lá pra
cá,
agenda lotada, por onde começar?
Quando ela tinha um tempinho,
pra ele ligava, demonstrando carinho.
Um dia ela em casa chegou,
jantar preparou,
por ele esperou...
...ele não voltou.
Ele a abandonou.
Por outra, ele a trocou.
Quem
diria...!
Majoli Oliveira
De dia,
viam-se pouco, nunca tinham tempo
para estar juntos, parecia que o tempo era algo que lhes faltava, mas amor era
algo que até lhes sobrava. Encontravam-se sempre à noite, à porta da casa dela,
e passavam cerca de meia hora juntos. Porém o amor resistiu a tudo, e
hoje estão casados e felizes, até já têm um filho e pensam ter um segundo. Onde
parecia só existir falta de tempo afinal existia amor, quem diria!
Luís
Peixinho, Murtosa
De
dia, viam-se pouco, resguardando-se dos olhares indiscretos. Mas mal o
crepúsculo descia a cortina, abandonavam o recato das mansardas. Acendiam
fogareiros e abriam pipas. As mãos se davam a outras mãos enternecidas.
Ouvia-se o acordeão e o pandeiro e rompia o canto nas gargantas emudecidas. Pés
febris matraqueavam a calçada e a festa tomava conta da rua, noite dentro… até
chegar a madrugada. Quase pobres, pouco tinham de seu, mas… eram ricos de
alegria. Quem diria...!
Carlos
Alberto Silva, Leiria
De dia, viam-se pouco ou
quase nada!
Um entrava, outro saía de casa
apressado.
Aquela rotina se repetia, dia após
dia.
Mi e Fá eram seus
apelidos carinhosos.
Mas à noite, tudo era bem
diferente.
Pareciam se transformar em outras
pessoas, amantes...
Mal se viam, faíscas de longe
apareciam
Com o olhar, faminto, quase se
engoliam.
Mas esperavam o mágico momento para
eles...
Aguardavam ansiosos, excitados a
saída do sol
Tiravam o atraso,
sem dó! Quem diria!
Chica, Brasil
De dia, viam-se pouco. Ele trabalha de
noite e com o Sol dorme, ela de dia e com a Lua adormece. Nunca se encontravam,
pois da aurora ao entardecer ela faz a chinfrineira, ele, do anoitecer ao amanhecer.
Era assim a vida da cigarra Justina e do grilo Justino. Até que certa vez, ele
coloca-se a seu lado e sem cerimónia solta a goela. Justina despertou e
irritou-se, mas ao invés de o expulsar, apaixonou-se. Quem diria!
Vanda Pinheiro
De dia, viam-se
pouco, mas bastava um pensamento sobre
as noites que transcorriam lado a lado para sorrirem. Guiados pela batuta
perspicaz do maestro Ladeiro, a orquestra ensaiava, para afastar o estigma da
derrota no festival do Outono.
Desembainhavam-se arcos, afinavam-se sopros, exercitavam-se dedos. A melodia enchia a sala e irreverente saía para a rua.
Desembainhavam-se arcos, afinavam-se sopros, exercitavam-se dedos. A melodia enchia a sala e irreverente saía para a rua.
Tudo parecia perfeito no ensaio,
no entanto para Carmen algo faltava. De repente percebeu o quê. O calor dos
aplausos.
Quem diria…!
Quita Miguel,
52 anos, Cascais
De dia viam-se muito pouco, todos
vestidos de preto, com uma meia na cabeça. São especialistas a tirar coisas que
não são suas. São traiçoeiros como as raposas. Nunca foram presos, nem uma
única vez.
Um dia
vieram a minha casa, mas como eu os vi pela janela, chamei a polícia. Passado
uns minutos apareceram luzes vermelhas e azuis na estrada. Desta vez aqueles
que tinham uma meia na cabeça e tinham roupa preta foram apanhados. Quem diria...!
Joana Nunes, 11 anos, Colégio Monte Maior
De dia, viam-se pouco, eles preferiam
aparecer à noite.
Eram
pequenos, peludos, brilhantes, brincalhões e adoravam saltitar pela calçada.
Eu e o meu amigo João passeávamos pela rua, quando
os cangurus apareceram. Brincámos todo o serão e depois levaram-nos até à sua
família. Apesar de serem pequenos davam saltos gigantes, eu e o João tínhamos
de correr para os conseguirmos acompanhar.
Finalmente chegámos. A mãe canguru ficou felicíssima
e até nos preparou um chá delicioso.
Quem
diria...!
Trabalho
coletivo
Reguilas da
Mata – 4º A
De dia viam-se pouco porque
a os motores dos barcos largavam uma nuvem de poluição. Mas quando a noite caía
a tartaruga Pipa e o ouriço do mar Max brincavam à apanhada e jogavam à bola
até bem tarde!
Um dia, perderam a bola e quando foram procurá-la, encontraram
um tubarão que os queria comer.
Então o Max afiou os seus picos e atirou-os contra o tubarão!
O tubarão assustou-se, pediu desculpas e ficaram todos
amigos.
Quem diria…!
1º ciclo - EB Armando
Guerreiro – prof Sandra Reis
De dia viam-se muito pouco,
Mas
aquele estava preso,
Pensei
que me fosse arrebatar,
O
magnífico que é o luar.
Ele
queria-me arrastar,
Até
aquele específico lugar
Eu
dele não iria gostar,
Pois a
liberdade me poderia tirar
Não
sabia o que fazer,
Para
ele me obedecer
Estava
a entorpecer,
A
minha vontade de viver.
Eu
parecia uma flor,
Daquelas
que não se podem pôr
Num
jardim cheio de esplendor,
Era só
um sentimento de amor,
Quem diria…!
Ricardo Santos nº19 8ºC
Escola Básica e Secundária de Fajões
De dia viam-se pouco. Ocupações diferenciadas,
rumos desiguais… trajetos ímpares. Que vidas tão absorventes, preenchidas de
trabalho e conhecimento…
É
forte a relação pais e filhos! Adorados, amados uns e outros… que luta diária,
que rotina de vida!…
Final
de jorna, a ansiedade já invade para o reencontro no regresso ao lar…
A
partilha de vivências, num fervilhar de emoções como o desabrochar de uma flor,
mais um dia entre sorrisos ou lágrimas num conto diário…
Quem diria!…
Gil, 9ºA, e Eduardo Costa (pai),
Agrupamento de Escolas de Arrifana, Santa Maria da Feira
De dia, viam-se pouco os olhares
inocentes das crianças a chorar. Era à noite que revelavam a sua tristeza face
à nova vida desassossegada, cheia de reboliço.
Os
pais bem tentavam disfarçar mas, muitas eram as contas para pagar.
As mordomias,
os luxos a que se habituaram tinham de acabar. Até o ar que respiravam parecia
faltar, tal era o sufoco. Em casa, amontoavam-se cartas, avisos de pagamentos,
que os impediam de pensar e agir. Quem
diria!...
Bárbara, 7ºD, e Dora (mãe), Agrupamento de
Escolas de Arrifana, Santa Maria da Feira
De dia viam-se muito pouco,
Mantinham
segredos bem guardados,
Que
toda a gente tentava descobrir como um louco.
Encantavam
toda a gente, sem saberem
Faziam
tudo bem, sem se esforçarem
Apesar
da sua sabedoria,
Continuavam
a fazê-lo, sem por isso darem.
Seriam
de outro planeta?
Toda a
gente o queria saber,
O que
seriam afinal,
Estes
seres que ninguém sabia haver?
Um dia
foi-se a descobrir,
O que
realmente havia,
Eram
de uma dimensão inversa.
Quem diria…!
Luana Santos 8ºC Escola Básica e Secundária
de Fajões
+
De dia viam-se pouco, as nuvens no céu
azul, quando o homem da lua se levantava.
Esse
astronauta foi numa missão extremamente importante, que era chegar a Plutão.
Quando
partiu, o astronauta começou a procurar o planeta.
Passaram
vários meses até o encontrarem.
Aterrou
e sentiu-se feliz por conseguir a sua missão.
Ao
regresso a casa, pelo caminho, perdeu um velho e grande mapa.
Ele
ficou perdido, aflito e adormeceu.
Ao
acordar viu-se em casa.
Quem diria!
Miguel Pinho, Bruno Oliveira-8ªA-E.B.S de
Fajões
+
De dia viam-se muito pouco, pois era à
noite que partiam. Falo dos Descobridores, apenas uma de muitas, muitas
gerações de ouro que pertenceram ou pertencem a este maravilhoso país. Esta
pequena nação, mas com um espírito inabalável, que nunca desiste e vence
qualquer adversidade. Este pequeno país que se une nos momentos difíceis, que
apoia a seleção e que tem feitos além fronteiras. Por tudo isto, Somos PORTUGAL
e temos orgulho de o dizer! Quem diria…!
Artur
Ferreira; nº5; 8ºC; Escola Básica e Secundária de Fajões
+
De dia viam-se muito pouco, aqueles
pequenos seres, recém nascidos, com um pequeno corpo castanho como a casca de
uma árvore e uns olhos negros como a escuridão. Corriam, saltitavam e brincavam,
sempre sem sair da beira da mãe, tão bela como os seus filhotes. As suas tocas
não ficavam longe e não tardava muito a voltarem para o quentinho, bem
aconchegados no pêlo de sua mãe. Passado algum tempo, depois de brincarem
muito, entraram. Quem diria…!
Liliana Gomes 8ºC Nº13 Escola Básica e
Secundária de Fajões
+
De dia viam-se muito pouco
na
cabeça deles existe amor,
ele
fá-la sentir aquele calor que ela precisa.
Nessa
noite, deseja que a aqueça.
O seu
coração imagina que ele é um lutador,
vem
para salvar a dor.
Os
ouvidos dela ouvem a sua suave voz
os
lábios dela querem sentir a sua felicidade
e o corpo dela deseja sentir a sua sensualidade
pela
noite dentro. Precisa da poesia dele,
assim
será o seu poeta.
Quem diria!
Diana Pinho nº7 10ºC
+
De dia viam-se muito pouco,
corajosos
capazes de enfrentarem o mundo, os seus problemas. Eram rebaixados todos os
dias, não tinham coragem suficiente para se defenderem. Estas pessoas eram
vistas como coitadas, como miseráveis. Mas, certo dia, as pessoas com pouca
coragem, levantaram a sua autoestima, e começaram a enfrentar os seus
problemas. No dia a seguir, as mesmas eram chamadas de valentes, porque
conseguiam enfrentar tudo e todos, foi giro. Finalmente elas ganharam coragem.
Quem diria!
Ana Cardoso, nº2, 10ºC
+
De dia viam-se muito pouco, era assim,
eles estavam apaixonados, mas nunca juntos.
O amor
deles, um pelo outro, era grande, mas não era o suficiente.
Existem
coisas de que sentimos saudade, mas isso não quer dizer, que as queiramos de
volta
Por
muito amor que haja, a pessoas que não foram feitas para estar uma com a outra,
talvez com eles acontecesse o mesmo. O amor supostamente devia trazer
felicidade, a eles trouxe sofrimento.
Quem diria!
Joana Soares nº9 10ºc
+
De dia viam-se muito pouco
Alegres
com vontade de viver,
Com
vontade de seguir em frente no dia a dia e
De
realizar sonhos.
Felizes
são aqueles que lutam
Para
conquistar os seus objetivos
Para
ter um melhor futuro.
Damos
graças à escola, para sermos o
Que
somos e o que seremos no nosso futuro.
Um bom
ambiente dentro e fora das salas de aula!
É
bastante enriquecedor estudar e aprender cá.
Adoro
esta escola,
Quem diria!
Diana Pinho 10ºC Nº6
+
De Dia Viam-se Muito Pouco,
Mas
mesmo assim ele fez tudo por ela e ela rejeitou-o.
A vida
é difícil, não é? NÃO, a vida é fácil, nós é que a tornamos difícil.
A vida
tem altos e baixos, felicidades e tristezas, verdades e mentiras e doenças e
curas.
Temos
que aproveitar todos os dias como se fossem o último.
Na
vida, tudo acontece por uma razão, não há nada a fazer para o evitar.
Quem Diria!
Carlos Oliveira 10ºC nº4
+
De dia viam-se muito pouco estrelas no
céu, mas de noite milhares se viam. Em cada uma delas, as mais brilhantes, para
mim, simbolizam as memórias passadas contigo e os sentimentos passados, e
presentes até hoje.
Nos
dias que olho para o céu, durante a noite, mesmo que não queira, penso em ti,
porque não te consigo esquecer.
E
mesmo assim, por muito que te queira dizer o que sinto falta-me as palavras e
coragem.
Quem diria!
André Oliveira Nº3 10ºc
+
De dia viam-se muito pouco,
Não
era por não estarem perto.
Viam-se
muito pouco, porque
Fechavam os olhos ao amor, evitam olhar-se, pois
recordações
Nasciam
a todo o momento.
Pensavam,
talvez, que se não se visem, se deixariam de amar
Ou que
a saudade fizesse as malas
E
fosse embora.
A
verdade é que, quando menos ela o olhava, mais ela o via, mais o amava.
Durante
a noite, era quando ela mais o via.
Quem diria!
Adriana de Pinho Moreira. 10ºC
+
De dia viam-se muito pouco, aqueles
animais estranhos só de noite apareciam. Voavam por entre as aldeias, pousavam
nas beiras das janelas e assustavam os já meios ensonados. De dia, dormiam nas
cavernas mais escuras e húmidas. Dormiam de uma maneira diferente, de longas
patas para o ar. Como decerto já repararam, pessoas não são com certeza. São
mamíferos,cegos durante o dia! Não é difícil de adivinhar. Mamifero ou
ave?
Logo, não deixa de ser morcego.
Quem diria!...
Ana Marques 8ºC nº4
+
De dias viam-se muito pouco…
Um
casal assim, era raro.
Recheado
de verdade e repleto de cumplicidade.
Uma
vida de sonhos realizados, acontecimentos vivenciados e experiências
misteriosamente empolgantes.
Tantos
momentos, tantas chamadas, tantas palavras dispersas no centro do seu coração
que ela quer compreender, inúmeras sensações reveladas pelo silêncio do seu
profundo olhar, simplesmente ela ama sentir a essência da sua personalidade.
Uma
vida aparentemente perfeita, esconde algo terrível.
Algo
impossível que ninguém imagina, ninguém.
Quem diria!
Sofia Gomes Nº12, 10ºC
+
De dia viam-se pouco,
De
noite mal se viam.
O Dia
era colorido e alegre,
já a
Noite era triste e solitária.
O Dia
queria conhecer melhor a Noite,
mas a
Noite não queria nem por nada.
O Dia
insistia, insistia, mas a Noite não cedia.
O Dia
disse à Noite que o que ele realmente queria
era
ter alguém com quem brincar, falar, viajar…
A
Noite finalmente cedeu
E o
Dia ficou em harmonia…
Quem diria!
Realização: Rafael Pinho 8ºA
+
De dia viam-se muito pouco! Ele e ela
eram os melhores amigos, por isso, encontravam -se à noite. Certo dia, foram
passear pelo parque e ele declarou-se, contudo ela não ficou satisfeita com as
palavras. Na noite seguinte, foi ao sítio do costume e, quando chegou, deu de
caras ele e outra rapariga. Nem queria
acreditar no que estava a ver. Ficou tão desiludida, saiu de lá em prantos. Percebeu
que ele lhe tinha mentido.
Quem diria!
Trabalho realizado por: Joana Rita nº 10 8ºA, e Tiago Teixeira nº 21 8ºA
+
De dia viam-se pouco, o João e a Maria
faltavam muito à escola.
Vinham
só ao final da tarde. Ninguém sabia por que razões faziam aquilo.
Começou-se a desconfiar das atitudes que
tinham.
Certo
dia, no final das aulas, sugeriram juntarem-se e segui-los. Foram caminhando
até que os viram entrar num cemitério. Pensaram que eles iriam visitar algum
familiar. Entraram, de repente. Viram um clarão vermelho, estranharam e viram
-nos a transformarem -se em vampiros.
Quem diria!
Trabalho Realizado por: Diana Pereira 8ºA
Nº8, e Joel Santos 8ºA Nº8
+
De dia viam-se muito pouco,
eram umas aves raríssimas, que viviam silenciosamente no seu habitat.
Era um desafio da escola, quem
conseguisse tirar uma fotografia dessas aves, recebia um prémio.
Foram dias e dias de procura, dei
tanto trabalho aos meus pais, fui a parques e a reservas naturais e nada.
Até que, um dia, cheguei a casa
depois de uma manhã de trabalho, cheguei ao meu quarto e vi um ninho delas na
janela. Quem diria...
Miguel Pina, 14 anos, Escola Básica e Secundária de Fajões, 8ºC
+
De dia viam-se muito pouco,
de noite apenas
sombras de um louco.
Que farei eu,
não sei se lhe contarei
ou se guardarei,
o segredo.
Segredo este,
que parece não ter fim,
que se vai acumulando,
por entre minha alma.
Sem o conseguir parar.
Sentir o que sinto,
só pode ser amor.
Cada dia que passa,
me sinto menos capaz.
Já não consigo esconder mais.
Mas quem diria,
que a minha cobardia,
levaria a melhor.
Quem diria!
Vanessa Costa , 8ºC , da escola
Básica e Secundária de Fajões
+
De dia viam-se muito pouco, mas de noite,
ui de noite… de noite não se viam nada. Não se via luz, apenas preto e branco,
incompreendidos pelas outras cores. Sentiam o vento que batia na cara, como
estaladas frias e repentinas. Teriam algo nos seus olhos esbugalhados? Estariam
cegos e mudos, ou seria só uma fase? Estariam na adolescência? Estariam
apaixonados? Se calhar era isso, ou se calhar não era! Que tédio pensar neste
problema… Quem diria…!
Daniel Moreira
Ribeiro
8ºc 14
anos escola básica e secundaria de fajões
+
De
dia viam-se muito pouco, mas ela continuava ali, como habitual, debruçada
sobra a janela com os vastos cabelos soltos e reluzentes. Todas as noites assim
o era! Aguardava por contos de fadas, onde pudesse entrar, mundos misteriosos,
paixões… procurava o fim, o início ou talvez o recomeço! Certezas?! Uma:
estaria ali até que essa noite, esse alguém chegasse a levasse…Meses e anos lá
passou… mas eis que esse alguém chega, tal como imaginara… Quem diria…!
Ana
Carolina Azevedo Oliveira Tavares 8ºC Nº1
Escola
Básica e Secundaria de Fajões
+
De dia viam-se muito pouco, com o seu
canto de encantar, só viam crianças correr e brincar, mas nada do que os seus
olhos ansiavam ver, nem os seus ouvidos ouvir.
Deambularam,
pelo parque, histéricos e cinzentos, desejando chegar a uma clareira muito
bonita, com flores roxas, amarelas e brancas, onde ambos ouviram um único som,
o único que desejavam ouvir, até que deram meia volta e viram um pássaro de
corpo prateada a cantar. Quem diria…!
Rafaela Silva, 8ºC, Escola Básica e Secundaria
de Fajões
+
De dia viam-se muito pouco,
Os
morcegos a voar.
O
morcego a voar, perto das luzes lá anda,
Para
se alimentar.
A
gruta é a sua casa,
Fira e
escura,
Vai
ele dormir e descansar.
Durante
o dia dorme,
Durante
a noite come.
Mamífero
ele é,
Com
asas pra voar.
Preto
e negro,
Este
confunde-se na escuridão da noite.
Batendo
ele as asas,
Dando
guinchos a voar
Alegra
ele a noite,
Assim
a cantar,
Mas, Quem diria…!
+
De dia
viam-se pouco.
Pensei
que estavam escondidos,
Sem
ninguém para brincar.
Andei
á procura, para os ajudar,
Não os
encontrei, desanimei até chorei
Ouvi
um ruido, fui averiguar
Investigue,
encontrei…
Eram
só dois, estavam com medo,
Sorri,
para os acalmar.
Correram
para mim,
Perguntei-lhes
o seu nome
Responderam-me
a tremer
Brincamos,
partilhamos experiências,
Contaram-me
um segredo que não gostavam de lembrar: os seus pais abandonaram-nos.
Espero
que nunca me aconteça o mesmo a mim,
Quem
diria!
Ana Teixeira nº2 8ºA Escola Básica E Secundária De Fajões
De dia, viam-se pouco os homens que trabalhavam
nas minas. Era à noite que se dirigiam ao Bar da Mané. Gulosos, lambiam os
beiços depois de sorver o líquido quente e doce da chávena branca e bolorenta,
mirando a Milú pelo canto do olho.
A jovem roliça ria-se das piadas e parecia feliz. - São reles
estas criaturas – pensava Milú –, mas são eles que me permitem ganhar dinheiro.
Olhou para um deles e sorriu.
Quem diria…!
Sandra Paulino
De dia viam-se muito pouco, todos vestidos de preto, com uma meia na cabeça. São
especialistas a tirar coisas que não são suas. São traiçoeiros como as raposas.
Nunca foram presos, nem uma única vez.
Um dia vieram a minha casa, mas
como eu os vi pela janela, chamei a polícia. Passado uns minutos apareceram
luzes vermelhas e azuis na estrada. Desta vez aqueles que tinham uma meia na
cabeça e tinham roupa preta foram apanhados. Quem diria...!
Joana Nunes, 11 anos, 6º ano,
Colégio Monte Maior
De dia, viam-se pouco...
Insistentemente as procurei, com método, com perseverança, com truques...
Mas não dava... não valia o esforço!
Era a luz forte do sol lá fora a chamar por mim. Uma corrida na praia, um passeio de bicicleta ou… ter de trabalhar!
Era ao regressar à tardinha que elas surgiam, primeiro uma, depois outra ainda a medo até que com o cair da noite as palavras formavam-se no papel aos magotes em turbilhão...
Insistentemente as procurei, com método, com perseverança, com truques...
Mas não dava... não valia o esforço!
Era a luz forte do sol lá fora a chamar por mim. Uma corrida na praia, um passeio de bicicleta ou… ter de trabalhar!
Era ao regressar à tardinha que elas surgiam, primeiro uma, depois outra ainda a medo até que com o cair da noite as palavras formavam-se no papel aos magotes em turbilhão...
Quem diria...!
Luís Marrana, 52 anos, Vila Nova de
Gaia
De
dia, viam se pouco...
Como
Lua e Sol...
Quando
ela chegava, ele não estava,
quando
ele chegava, ela dormia!
Desencontrados!
-
Malditas horas extraordinárias! - lamentava-se ele.
-
Nunca posso estar com ela!
Até
que começou a pensar...
- Uma
greve talvez possa resultar! Não, uma Revolução!
E no
dia seguinte acordou com os colegas o plano, que todos aceitaram!
E no outro dia já todos se tinham
preparado à frente da junta de freguesia...
Acabou
por resultar!
Quem
diria...
Rickyoescritor, 11 anos, Pedroso, VNG
De dia viam-se pouco.
Moravam
no mesmo prédio, mas com horários tão diferentes, só esporadicamente se
cumprimentavam, perto do elevador, quando um saía e o outro entrava.
Ela,
porém, tinha reparado no seu porte. Algo tímido "ou talvez não", a
sua saudação era sempre muito educada e agradável.
Encontraram-se,
certa noite, num local de diversão.
Ambos
sós, começaram a conversar, dançaram, enfim conviveram!
Sentiram-se
tão bem juntos, que no regresso, rápido nasceu um lindo romance.
Quem diria!
Arminda Montez, 75 anos, Queluz
De dia viam-se
pouco, a distância para ele era
irrelevante, importante, era que estava a desempenhar uma profissão
apaixonante, ensinar as primeiras letras às crianças numa escola da povoação de
S. Roque.
Via o entusiasmo, alegria e curiosidade nos rostos daquelas
crianças na descoberta deste mundo fascinante, era reconfortante, superava
todos os sacrifícios feitos para ali se deslocar. Quando regressava ao lar,
trazia dentro de si mais energia, mais amor, e esperança num mundo melhor, quem diria!
Maria Silvéria dos Mártires, 67 anos,
Lisboa
De dia viam-se pouco,
as saudades dos primeiros anos passara há muito.
Não se sabe bem em que altura,
deixaram de sentir necessidade de estar juntos!
Quando chegava o fim da tarde,
encontravam-se em casa, aí o diálogo era pouco ou nulo. Cada um vivia no seu
mundo. Sem se aperceberem, suportavam convenientemente a vivência em comum.
Deus não lhes dera filhos, talvez fosse melhor assim! As pessoas, ao saberem
desta calma vivência, diziam perplexos:
– Quem diria!!!
Carla Silva, 39 anos,
Barbacena, Elvas
De dia, viam-se pouco.
Só quando o sol está a baixar os verão aparecer, e o Breakfast será a única
comida substancial para eles. Então, nesses casos, poderão encontrá-los durante
o pequeno-almoço. Pouco depois, estarão a regressar às escondidas, como mortos
vivos, para os seus quartos obscurecidos.
Ao anoitecer, só se animam nas discotecas, onde se entregam à
vida noturna e a patuscadas inevitáveis.
Sabem em que países se encontram? Não sabem? Ora… Em todos!
Quem diria!
Theo De Bakkere, 60 anos, Antuérpia,
Bélgica
De dia, viam-se pouco, ou nada, bem cedo Cristina levava os filhos à escola,
João ia para o escritório. Durante anos a mesma rotina. João
chegava a casa os filhos estavam tratados. Um dia, Cristina virou a mesa:
– Tens de ajudar mais, passo o dia inteiro de pé naquela maldita fábrica, quando preciso de ajuda, onde estás? Nos copos com os amigos, meu menino ou isto muda ou voltas para casa da mãezinha.
E mudou.
Quem diria…!
– Tens de ajudar mais, passo o dia inteiro de pé naquela maldita fábrica, quando preciso de ajuda, onde estás? Nos copos com os amigos, meu menino ou isto muda ou voltas para casa da mãezinha.
E mudou.
Quem diria…!
Isabel Branco, 53 anos, Charneca de Caparica
De dia viam-se muito pouco. Os donos do Miúra e da Bonita levavam-nos para pastos
diferentes. Como ele adoraria segui-la, poder roçar-se por ela, aquele pêlo tão
macio que ele tão bem conhecia quando se encostavam e, assim, dormiam no curral
que partilhavam.
Naquele dia tudo foi diferente,
nada se passou como habitualmente. Que estranho! Que teria acontecido? Aonde os
levariam? No último momento, ele apercebeu-se do que os esperava. Estavam à
porta do matadouro. Quem diria!
Felismina Trindade,
68 anos, Estremoz, Academia Sénior, prof Zuzu Baleiro
De dia viam-se pouco, ela carecia de descanso, repor as
energias para uma nova jornada. Ele, de sua parte, trabalhava incessantemente,
muitos dependiam do que ele oferecia, e o amor, era adiado a cada dia.
Alguns encontros são como alguns amores, platônicos e impossíveis. O que não interfere no amor que inspira poesias, no sonhar com, no admirar, no de longe olhar, no querer estar... Eles são assim, Lua e Sol, jamais irão se encontrar! Quem diria...!
Alguns encontros são como alguns amores, platônicos e impossíveis. O que não interfere no amor que inspira poesias, no sonhar com, no admirar, no de longe olhar, no querer estar... Eles são assim, Lua e Sol, jamais irão se encontrar! Quem diria...!
Roseane Ferreira,
Macapá, Estado de Amapá, Brasil
De dia, viam-se pouco
pois era uma família com muitos afazeres. Sempre que possível, comunicavam por
mensagens escritas, ou chamadas. Eram quase estranhos a viverem debaixo do
mesmo teto! Eis que, certa manhã, apareceu lá por casa o tal tio das américas e
tudo ficou diferente. Este só lhes pediu para jantarem juntos, o que todos
tentaram cumprir com esforço e pontualidade. Na verdade, passaram a estar
juntos e a conversar sobre o dia passado. Quem
diria...
Cláudia Ribeiro, 44
anos, Vila do Conde
De dia, viam-se pouco…
Mal cruzavam o olhar,
Gostavam-se e atraíam-se
Sem se poderem tocar.
E ninguém se apercebia,
Pois, eles eram discretos,
Algumas pequenas trocas,
Alguns códigos secretos.
Porém, caindo a noite
Estava o destino traçado,
Ele correu para ela,
Ela caiu no amado!
E, pertinho do lugar
Havia um velho “Pombal”…
A testemunha era a Lua
E achava natural!
Mas, o povo, com malícia,
Encarava uma ousadia…
Ia mesmo haver casório?
Os “pombinhos”…! Quem diria…!
Maria do Céu Ferreira,
59 anos, Amarante
De dia, viam-se pouco mas à noite tudo tornava-se claro. O coaxar das rãs, o
grilar dos grilos, as ondas rápidas a desmaiar na areia iluminada pelo luar.
Quase teriam de gritar para se ouvirem entre cucos e cigarras, e rãs e ondas e
um som de fundo de urgência de lábios a beijar. Palavras eram poucas, mais eram
os sorrisos nus e quentes, no momento em que as suas peles se encontravam. Não
casaram. Quem diria...!
Cátia Penalva, 36
anos, Viana do Castelo
De dia, viam-se pouco... Era um casal estranho, diziam os vizinhos. As
manhãs eram gastas a dormir e a reclamar o barulho que a vizinhança
fazia.
Não pareciam más pessoas, mas eram implicativos. Como podiam querer que o dia fosse tão sossegado quanto a noite? O administrador do prédio estava farto de queixas. Convocou uma reunião para decidir o que fazer. Todos ficaram surpresos quando perceberam que o casal cuidava de crianças abandonadas. Estava entendido. Quem diria...?!
Não pareciam más pessoas, mas eram implicativos. Como podiam querer que o dia fosse tão sossegado quanto a noite? O administrador do prédio estava farto de queixas. Convocou uma reunião para decidir o que fazer. Todos ficaram surpresos quando perceberam que o casal cuidava de crianças abandonadas. Estava entendido. Quem diria...?!
Amélia Meireles,
62 anos, Ponta Delgada
De dia viam-se muito pouco, os gnomos! Sim, gnomos, umas incríveis criaturas
místicas, em que ninguém acredita. Mas à noite via-se a verdade!
Todos os gnomos saem do
esconderijo e resumem tudo o que queriam dizer numa só palavra.
Nunca ninguém viu um a passear
por aí, porque só é possível ver um à noite, nas florestas.
Subitamente, vi uma sombra no
armário! Abri-o e vi um gnomo! Ele fez um gesto com a mão.
Quem diria!
Tiago Simões, 5ºB,
Escola Dr. Costa Matos, V.N. Gaia, prof Cristina Félix
De dia viam-se muito pouco tempo, para poder brincar e divertir-se. Estava a chover
e não valia a pena ficar a olhar pela janela à espera que parasse.
A turma estava na sala de aula na
hora do intervalo por causa do mau tempo. Muitos se queixavam de que queriam ir
lá para fora. Isso, porque nos intervalos a sala era muito silenciosa.
Choveu, choveu, choveu. Nos
outros dias, não choveu mais durante um ano.
Quem diria?
Gonçalo Alves, 5ºB,
Escola Dr. Costa Matos, V.N. Gaia, prof Cristina Félix
De dia viam-se muito pouco, as pessoas na rua, porque estava muito nevoeiro. Estava
chuva e o sol estava escondido.
Então ia eu a caminho da escola,
até que cheguei e já estavam todos dentro da sala de aula.
Bati à porta e a professora
Cristina Félix veio abrir a porta.
Pedi desculpa e entrei; a
professora não reclamou porque era a primeira vez que eu tinha chegado
atrasado.
Viraram-se todos. Disseram:
– Chegaste atrasado. Quem diria!
Gonçalo Alexandre, 5ºB,
Escola Dr. Costa Matos, V.N. Gaia, prof Cristina Félix
De dia viam-se muito pouco, mas de noite encontravam-se.
Assim acontecia frequentemente.
A coruja pigmeu encontrava muitas vezes a coruja duende.
Um dia de manhã cedo, a coruja duende só queria conversar, mas a pigmeu estava tão cansada (tinha passado a noite a caçar) que a mandou calar.
Ficou zangada, mas a coruja pigmeu não lhe ligou e foi para a sua toca.
A coruja duende resignou-se e foi embora para casa.
Que mal humoradas!
Quem diria!
Assim acontecia frequentemente.
A coruja pigmeu encontrava muitas vezes a coruja duende.
Um dia de manhã cedo, a coruja duende só queria conversar, mas a pigmeu estava tão cansada (tinha passado a noite a caçar) que a mandou calar.
Ficou zangada, mas a coruja pigmeu não lhe ligou e foi para a sua toca.
A coruja duende resignou-se e foi embora para casa.
Que mal humoradas!
Quem diria!
Matilde Tavares, 5ºD, Escola Dr. Costa Matos, prof Cristina Félix
De dia viam-se muito
pouco,
Estava escuro como a noite.
Toda a gente estranhava,
mas que dia tão louco.
As pessoas iam às compras
com lanternas na mão,
para ver os ingredientes
era uma grande confusão.
mas que grande trabalheira,
no meio da escuridão,
era uma enorme maluqueira.
Fui passear,
não via nada,
só pessoas com lanternas,
que rua chanfrada!
Fui lá fora,
o que é que via?
Afinal era um eclipse…
Mas quem diria!
Carolina
Anselmo, 5ºD, Escola Dr. Costa Matos,
Gaia, prof Cristina Félix
De dia viam-se pouco,
as pessoas e os carros. Já parecia de noite e ainda estávamos no meio-dia.
A maior parte das pessoas andava
de lanterna na mão e roupas coloridas para quando fossem a atravessar a
passadeira não serem atropeladas.
Eu saí do trabalho e fui almoçar,
mas com cuidado, para não ser atropelado! Depois do almoço fui para casa
descansar um pouco. Quando regressei ao meu trabalho notei uma coisa diferente:
havia SOL!!!
Quem diria!
David Hortas, 5ºD, Escola Dr. Costa Matos, Gaia, prof Cristina Félix
De dia viam-se muito pouco, num dia com tanto nevoeiro. Notavam-se poucos militares
pelas ruas de Lisboa. Mas os que havia pareciam nervosos, como se não quisessem
contar o que iria, ou estava a passar-se.
Passadas algumas horas, depois de
as ruas estarem cheias de militares (armados e por todo o lado), foi quando
tocou, exatamente à meia-noite, “Grândola, vila morena”.
Toda a gente percebeu que era
naquele momento a Revolução, “A Revolução dos Cravos”.
Quem diria!
Miguel Garcia, 5ºB, Escola Dr. Costa Matos, Gaia, prof Cristina Félix
Miguel Garcia, 5ºB, Escola Dr. Costa Matos, Gaia, prof Cristina Félix
De dia viam-se muito pouco.
– Muito pouco? – dizia o Xavier.
– Sim, muito poucas pessoas para
me colher.
– Mas tu não estás a ver?
– O quê? – perguntava eu, sem
saber o que fazer.
– Está aqui muita gente.
Perguntamos ao Samuel, que ele sabe sempre essas coisas.
Foram ao encontro do Samuel.
– Samuel, sabes o que está a
acontecer?
– É a “Revolução dos Cravos”!
– Eia, essa revolução tem o nosso
nome! – dizia eu empolgado.
Xavier, contente, disse:
– Quem diria!
Sara Oliveira, 5ºB, Escola Dr. Costa Matos, Gaia, prof Cristina Félix
DE DIA VIAM-SE POUCO. Preferiam a noite, lugares mais discretos.
Onde
podiam e sabiam ser somente os dois.
Sem
risos sarcásticos ou julgamentos precipitados.
As
noites eram o seu mundo. E desfrutavam da certeza de que,
quem o
feio ama, bonito lhe parece.
E a
beleza da alma transparecia nos seus olhares felizes.
Encontravam-se
sempre naquela rua,
tinham
por testemunha a lua, que os abençoava
por
serem feios, por o seu amor belo e verdadeiro.
QUEM DIRIA!
Natalina Marques, 57 anos, Palmela
De dia, viam-se muito pouco. Ele vivia escondido nos buracos sombrios: era uma
criatura da sombra. Ela habitava nas superfícies luminosas e quentes, aspirando
a energia do sol: era uma criatura da luz. Ao anoitecer, quando o azul profundo
do mar se pintava de laranja, ele emergia à face das coisas. Certo dia,
encontraram-se. Dentro deles, um arco invisível tornou-se círculo e os
uniu. Quem diria que, naquele adormecer fugaz do astro-rei,
criaturas tão antagónicas pudessem amar-se.
Isabel Sousa, 64 anos, Lisboa.
Aiiiiiii
De dia, viam-se pouco… nela tanta dor se lhe colou ao
corpo. Julgava ter matado desejo.
O relógio roda lentamente e tortura ansiedade do
encontro.
Ela. Sabes quando dentro te olhava firme, metal a
fundir-se sentia? Quando tocava lábios e cristal se transformava em sol? Quando
sentia paz, voando sem destino algum, só com sorriso?
Ele. Entre equilíbrio e desequilíbrio vive o vale que nos
une. Sublinhou.
Ela. Desejo-te? Habitas tão somente dentro desta cabeça.
Quem diria…!
Eurídice Rocha, 50 anos, Coimbra
De dia, viam-se
pouco…
Um, desbravava, horas a fio, caminhos no matagal cinzento
matizado. O calor estonteava-o, saltava, apanhando ar fresco. Não resultava. O
Silvestre sacudia-se com tal voracidade e rapidez cansando quem o olhava.
O outro, imóvel, para gastar a menos energia possível,
escondia-se no lóbulo da orelha esquerda.
À noite a temperatura descia, sinal para o encontro.
Percorriam o caminho que os levava à cauda do Silvestre. Toda a noite era um
funfunfun.
Quem diria!
Cândida Jardim, 53 anos, Ovar
De dia, viam-se
pouco!
Quando o sol despontava, a chuva, sentindo-se ofuscada
pela sua beleza, preferia manter-se afastada. Mas o sol admirava a sua
capacidade para se multiplicar em várias gotas e distribuir frescura pelo mundo
inteiro.
Um dia, cansados de se observarem à distância, decidiram
aproximar-se para conhecerem melhor alguém que admiravam.
Dessa amizade resultou um lindo arco-íris, irradiando o
brilho das suas cores no céu.
Quando vencemos a timidez, conseguimos alcançar o
sucesso.
Quem diria!
Susana Sofia
Miranda Santos, 38 anos, Porto
De dia viam-se pouco. Aquela família era muito estranha. Nunca os percebi...
Sempre de preto e vermelho. E tinha aquelas capas vampirescas!
Nunca os vi numa loja ou num café! Simplesmente de noite
a passear!... Bem, vou investigá-los!
Descobri uma mega coisa! Fui à internet e procurei os
nomes deles... A família Caixão é mesmo vampiresca! Eles são vampiros!
Será que eles sugam sangue? Sim... E aparecem em fotos?
Não... Se tenho medo? Bem... Sim!!
Quem diria!...
Mariana Martins,
12 anos, Barcelos
Os vizinhos
De dia viam-se pouco, praticamente nunca, os novos vizinhos
eram pelos vistos membros da gótica, que principalmente não gostavam de olhadas
curiosas nem de contactos humanos. Somente nas noites de lua cheia havia lá
atividades, e a minha suspeitosa avó espreitava-os sempre através das cortinas.
Embora só pudesse perceber sombrinhas misteriosas perto duma fogueira, tentava,
com o livro de Stoker "Conde Drácula" na mão, convencer-me que os vizinhos
eram mortos vivos ou adeptos de Drácula.
Quem diria.
Theo De Bakkere, 65 anos, Antuérpia, Bélgica
Cansaço
De dia viam-se muito pouco… João queria ir tocar com seu grupo musical, mas o
espectáculo é longe… tarde… João não se sente com capacidade para ir. Não dá.
Não dá!
Por vezes na vida há decisões que se têm que tomar. Foi a
melhor decisão que João encontrou devido à sua condição física. Se João fosse,
seu corpo ficaria desgastado. Apesar de não ir, sabe que não afecta seu grupo.
Não fica tão chateado, quem diria!
Sérgio Felício, 37
anos, Coimbra
De dia viam-se muito pouco, explicava o avô Zé, mas à
noite, isso sim, era um festival – gambuzinos para todos os gostos!
Entusiasmado com a perspetiva de boa colheita, depois de
jantar, convidei Julinha para irmos ao parque. Percorridas várias áleas de
buscas infrutíferas, fomos surpreendidos por umas luzes a piscar intensamente.
Assustada, Julinha refugiou-se no meu peito. Enlaçando-a, os meus lábios
afloraram os seus. Sob um céu de caga-lumes, demos o primeiro beijo … Quem
diria!
Helena Rosinha, 65 anos, Vila Franca de Xira
De dia viam-se pouco…era sempre à noite que se encontravam.
Só falavam de livros um com outro, os outros amigos eram para brincar à
apanhada e ao futebol. Falavam sobre livros como quem fala de segredos,
baixinho. Iam para a arrecadação ao lado da casa de Casimiro. Quando um dia se
distraíram e adormeceram com livros a fazer de lençóis e as caras felizes,
cheias de histórias. Os pais que nada desconfiavam quando viram disseram: Quem
diria!
Marta Sousa, 32 anos, Barreiro
Sem comentários:
Enviar um comentário