Sentir tudo de todas as maneiras, não deixar um poro da pele, um fragmento da alma, sem respirar o encantamento do prazer, numa espécie de orgia moderna.
Os corpos oferecem-se, despudorados, na mesa do tempo; só a gula dos dias os pode salvar da tempestade que o espelho, teimoso, devolve.
As almas vendam os seus deuses - cegos esperarão - e deixam-se seduzir pelo esplendor da festa; fingem-se eternas ainda que desfeitas, como recém-saídas de um naufrágio de sangue.
Bau Pires, Porto
Peguei no verso "Sentir tudo de todas as maneiras" do poema "Passagem das horas" do Álvaro de Campos, liguei-o com uma prosa atabalhoada minha e fechei com "como recém-saídas de um naufrágio de sangue" do poema "Aurora de Nova Iorque" do Garcia-Lorca.
A prosa não tem nada de atabalhoada.Tem, sim, muita poesia e o texto é lindo! Parabéns!
ResponderEliminar:)
EliminarQue bonito. Emocionas-me sempre!
ResponderEliminarAlexandra Rafael
Ainda tenho muito para aprender ... mas dos 47 até aos 100 anos, vou lá chegar!
ResponderEliminar:)
ResponderEliminarBeijinhos a todos