22/06/14

Um livro

Em frente morava um escritor.
De poucas palavras, era generoso em rituais. A escrita acontecia sempre à mesma hora, acompanhada de um café que insistia em fumegar.

Conhecia-lhe bem os sinais. O franzir de testa quando a página em branco vencia e o prazer intenso que o invadia a cada frase perfeita.
Quando uma folha de papel foi violentamente amarrotada e atirada para o lixo mas, contudo, caiu fora dele, eu soube de imediato. Nascera um livro.

Nuno Longle, 40 anos, Odivelas

Desafio nº 68 – imagem de uma folha amarrotada

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