22/06/14

Virgílio e o Dilema

Pela sétima vez, Virgílio escrevia o final da peça de teatro, encomendada pelas instâncias superiores do Colégio onde era professor de Português.
A requisição fora feita pelo que dele se sabia: fluidez da palavra, criatividade torrencial e espontânea, verve estilística de escritor.
Mas a inspiração andava omissa e num arremesso brusco, atirou o papel amarfanhado para o lixo, só que a folha, irrequieta, caiu no chão.
Reflectiu.   Violência não adianta.   Acalmou, e o númen, sem peias, aflorou.

Elisabeth Oliveira Janeiro, 69 anos, Lisboa

Desafio nº 68 – imagem de uma folha amarrotada

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