Pela sétima vez, Virgílio
escrevia o final da peça de teatro, encomendada pelas instâncias superiores do
Colégio onde era professor de Português.
A requisição fora feita pelo que
dele se sabia: fluidez da palavra, criatividade torrencial e espontânea, verve
estilística de escritor.
Mas a inspiração andava omissa e
num arremesso brusco, atirou o papel amarfanhado para o lixo, só que a folha,
irrequieta, caiu no chão.
Reflectiu. Violência não
adianta. Acalmou, e o númen, sem peias, aflorou.
Elisabeth Oliveira Janeiro, 69 anos,
Lisboa
Desafio nº 68 – imagem de uma folha
amarrotada
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