22/09/14

Num laivo de lucidez

Ligou o televisor. Aguardou, de raciocínio vazio, o som e as imagens. O aparelho devolveu-lhe aquilo a que já tinha assistido: os insultos, os rostos cuspindo ódio, a ansiedade transbordando dos olhos daqueles que, em tempos, tinham sido seus colegas. Deixou-se invadir pela culpa, pela sensação de incompetência. O surrealismo da situação acorrentou-o num imenso buraco negro. Não lhe ocorreu nada que não fosse um pedido de desculpas. Por momentos, percebeu o nada em que se transformara.

Maria José Castro, 54 anos, Azeitão

Desafio nº 74 – nada em que se transformara

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