Ligou o televisor. Aguardou, de raciocínio vazio, o som e as imagens. O
aparelho devolveu-lhe aquilo a que já tinha assistido: os insultos, os rostos cuspindo
ódio, a ansiedade transbordando dos olhos daqueles que, em tempos, tinham sido
seus colegas. Deixou-se invadir pela culpa, pela sensação de incompetência. O
surrealismo da situação acorrentou-o num imenso buraco negro. Não lhe ocorreu
nada que não fosse um pedido de desculpas. Por momentos, percebeu o nada em que
se transformara.
Maria José Castro, 54 anos, Azeitão
Desafio nº 74
– nada em que se transformara
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