A criança que fora
Sempre
que podia, saía para fumar um cigarro e disfarçar aquele fedor das lotas e
ouvir outras vozes que não fossem as das peixeiras tolas gritando altos pregões
para pescar clientes à solta. Sabia-lhe bem aquele cigarro da manhã
que se fazia coincidir com o recreio da escola ao lado. Gostava de ver o salto do
fumo adulto contornando os altos toldos ao ritmo da correria
infantil de gazelas loucas. Sabia-lhe bem recordar a criança que fora.
Paula
Cristina Pessanha Isidoro, 34 anos,
Salamanca
Sem comentários:
Enviar um comentário