11/12/15

Não dormia

Não dormia.
Queria ser sempre amável.
Todos lhe pediam ajuda, favores, atenção.
Sorria, dizia amavelmente que sim; depois, preocupada, angustiava-se.
Um dia murmurou um «não»; todos fingiram nada ter ouvido.
Foi perdendo a voz, a carne, a cor; ficou quase transparente, invisível.
Desapareceu em ação.
Onde estava o garantido «sim»?
Poderia ela regressar e manter a tradição?
A pessoa amável, a quem pediam favores, respondeu finalmente.
O que disse, mudou-lhe a vida; articulou educadamente um sonoro «não».

Ariana Amorim, 45 anos, S. Domingos de Rana

Desafio RS nº 32 – a arte de dizer não

1 comentário:

  1. Olá, gostamos dos textos publicados aqui.

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